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Povos indígenas

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Psicologia e povos indígenas

O índice de suicídio entre indígenas no Brasil é crescente, com uma taxa nacional quatro vezes superior à média nacional, com 20 habitantes para cada 100 mil índios. Os dados, destacadso no ‘Mapa da Violência/2011’, divulgado este ano pelo Ministério da Justiça (MJ), apontam que, das mortes violentas ocorridas entre 1998-2008 em municípios com índices exageradamente elevados de suicídios, vários são territórios de comunidades indígenas.

Tomando especificamente a população indígena jovem (com idade entre 15 e 24 anos), o Amazonas possui um índice de 101 suicidas para 100 mil jovens. Em Mato Grosso do Sul, esse número sobe para 446. Por trás do fenômeno estão, em muitos casos, problemas de saúde mental individuais e coletivos relacionados a fatores complexos, socioculturais e históricos. A ausência de respostas do Estado às necessidades essenciais das sociedades indígenas mostram que as políticas públicas ainda não são plenamente aplicadas a esta população, abrindo margem para violações de direitos, exclusão e racismo.

No mesmo ano da pesquisa, 2011, uma expedição do Conselho Federal de Psicologia (CFP) com ativistas de diferentes áreas, lideranças e professores indígenas participaram da Expedição Kaiowá-Guarani, que durou aproximadamente duas semanas. A partir da cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul (MS), os participantes passaram por aldeias e acampamentos indígenas.

O objetivo da missão foi produzir relatórios e vídeos que documentem a situação de vulnerabilidade, conflitos, mortes e perseguição. O atraso na demarcação de terras indígenas e a ausência de políticas efetivas do Estado foi o motivo principal para o massacre cultural dos Kaiowá Guarani, povo indígena que apresenta as maiores taxas de assassinatos e suicídios no Brasil.

No ano de 2007, a Comissão Nacional de Direitos Humanos do CFP elaborou um manifesto em prol dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul relacionado à omissão do poder público na região, que ocasionou danos à saúde e à vida dos índios, principalmente das crianças indígenas. O indicador mais terrível desse cenário foi o crescente número de suicídios de crianças e jovens indígenas do povo Kaiowá-Guarani.

Em 2004, a violência e a violação aos direitos das comunidades indígenas motivaram a criação do Grupo de Trabalho Psicologia e Povos Indígenas. Naquele mesmo ano, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou o Seminário Subjetividade e Povos Indígenas no Distrito Federal. Desde então, ações diversas têm sido realizadas pelo Sistema Conselhos em conjunto com outras entidades pela defesa dos direitos dos povos indígenas, incluindo expedições nas aldeias e atos públicos.

2012, um ano de muita luta

Durante a 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia, realizada em setembro de 2012, a representante dos guarani-kaiowá do Mato Grosso do Sul, Valdelice Veron, foi agraciada com o prêmio Paulo Freire, por ser uma figura de destaque na defesa dos direitos dos povos indígenas.

Em outubro, cinco mil cruzes foram espalhadas no gramado em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, com o intuito de chamar a atenção das autoridades para a questão da violência e do descaso com os povos indígenas no País. O ato público foi realizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), Justiça Global, Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Plataforma Dhesca Brasil.

Já em dezembro, o CFP reforçou as ações pela demarcação de terras e pela defesa dos povos indígenas no Brasil com a campanha “Somos 1 milhão pela Demarcação das Terras Indígenas”, que alerta a sociedade sobre a constante violência e falta de políticas públicas específicas.