Psicologia | Relações Étnicos Raciais

Questões da Terra

Atuação de psicólogas (os) em questões relativas à terra foi tema de debate online do CFP
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Pensar nas vulnerabilidades das populações ligadas às questões da terra foi um dos desafios lançados às psicólogas e psicólogos durante o debate online realizado nesta quinta-feira (29), que lançou o Documento de Referências Técnicas para Atuação das (os) Psicólogos (as) relativas às Questões da Terra, produzida pelo Centro de Referências em Psicologia e Políticas Públicas do Conselho Federal de Psicologia (Crepop/CFP).  O debate, transmitido ao vivo,  teve 278  pontos conectados.

Um dos debatedores, o coordenador da Comissão Nacional de Direitos Humanos do CFP, Pedro Paulo Bicalho, lembrou que as questões da terra são indissociáveis dos direitos humanos. “É importante refletir que nãomatamos apenas quando retiramos a vida, mas fundamentalmente quando retiramos dessas populações a possibilidade de existirem em sua relação com a terra”, afirmou.

Para ele, a subjetividade da população é atravessada por questões da terra e passa pela segregação, culpabilização e infantilização destes povos.  “Ao infantilizarmos estas populações, retiramos delas algo que para nós é um princípio fundamental contido nos Sistemas Únicos de Saúde (SUS)  e Sistema Único de Assistência Social  ( SUAS) , que é o respeito à participação e ao respeito do usuário na construção de políticas públicas”, afirmou.

O professor do Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural da Universidade de Brasília (UnB) , Sérgio Sauer, também  ressaltou a importância de entender a dimensão da subjetividade e da saúde mental em sua relação com a terra e o território. “Devemos pensar a terra e  as relações dessas pessoas com ela não só como meio de produção, mas enquanto um lugar. Mais do que o poder, a terra garante o direito de ser e de existir” .

O campo como um local onde pessoas vivem e constroem diferentes culturas que devem ser preservadas  foi ainda destacada pela professora de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Leonilde Medeiros.  “E trata-se de um campesinato que não quer voltar ao passado mas sim recuperar a tradição de forma atualizada e conjugada com a modernidade”, complementou.

A importância da publicação sobre o tema, para o professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Jáder Ferreira Leite, pode trazer uma grande contribuição à medida que possibilita aos psicólogas (os) reflexões a segmentos da sociedade que até então não eram contemplados pela Psicologia.

“Ao nos inserirmos neste espaço de discussão tão complexo que é o mundo rural brasileiro, é inevitável a reflexão sobre os processos históricos, políticos e econômicos que se deram no nosso país, para que possamos ter uma atuação mais qualificada e desvelar a subjetividade da grande trama de atores que vive no meio rural”, pensa.

A conselheira Roseli Goffman que mediu o debate, destacou algumas das ações sobre o tema em que a Psicologia já está envolvida, entre elas a defesa da Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro, e do povo Guarani-Kaiowá, além da Campanha Somos 1 milhão pela Demarcação das Terras Indígenas, que ainda está recebendo assinaturas.

A  publicação lançada durante o debate já está disponível no site do CFP  e o vídeo será divulgado em breve.   Quem se cadastrou no Debate deve fazer login na página de transmissão do evento para emitir seu certificado. Acesse aqui.